De 30 de março a 14 de abril, o Grupo de Apoio à Loucura (GAL) faz a temporada online de estreia do experimento audiovisual “Experiência XSINDZIVXS”, trabalho cuja investigação cênica teve início em 2018 e, em razão da pandemia, foi ressignificado para o ambiente virtual. Serão seis apresentações gratuitas, que acontecem às terças, 19h, e quartas-feiras, 22h, pelo canal do YouTube do grupo de teatro sediado em São José do Rio Preto (SP).
O elenco criador é formado por Christina Martins, Diego Neves, Suria Amanda, Cassio Henrique e Daniel Bongiovani. Clayton Nascimento (Cia. do Sal) é responsável pela preparação de elenco e Jandilson Vieira (Grupo Redimunho), pelo dramaturgismo. Ambos foram orientadores do GAL no processo de criação, através do Programa Qualificação em Artes. Murilo Gussi, fundador do grupo, assina a direção e iluminação.
Em “Experiência XSINDZIVXS” (lê-se disindisivis), cinco personagens são deixadas em um hospital psiquiátrico e, por meio de seus depoimentos, relatam suas vidas a partir dos conceitos de loucura impostos pela sociedade, refletindo sobre suas experiências e lugar no mundo. “Partindo da premissa do significado do nome do espetáculo, XSINDZIVXS, quer dizer indizíveis, o que não pode ser dito, não pronunciável, aquele que diz o que não se pode ser dito, levantamos temas necessários à reflexão além do palco”, fala Murilo Gussi. Ele conta que a proposta é passar a mensagem através da graça e da poesia, dando voz e visibilidade àqueles que o trabalho representa e que estão à margem.
Uma das inspirações para o GAL foi o caso do Hospital Colônia de Barbacena (MG), onde 60 mil brasileiros morreram por diferentes causas, desde frio, fome, doenças e eletrochoques. A maioria das pessoas internadas no hospital psiquiátrico, inaugurado em 1903, não tinha transtornos mentais. Eram mulheres, pessoas negras, LGBTs, prostitutas, pessoas com epilepsia, alcoólicos, pessoas que fugiam dos padrões aceitos na sociedade.
O GAL também teve como referência o Dzi Croquettes, grupo de teatro que quebrou tabus na década de 1970, promovendo rupturas estéticas e artísticas, com homens vestidos de mulheres no palco, usando do glamour e da irreverência para driblar a censura. A partir dessas realidades distintas, o grupo reflete sobre temas como o racismo, o feminismo, a loucura e a censura. O foco foi unir esses extremos para pensar como estariam aqueles que dizem tudo através do riso, se estivessem presos a uma realidade de descarte humano, segundo Murilo Gussi.
O projeto “Experiência XSINDZIVXS” foi um dos selecionados pelo Edital ProAC Expresso LAB 36/2020, “Produção e Temporada de Espetáculo de Teatro com Apresentação Online”, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado.
Durante a temporada online, também acontece a série de bate-papos virtuais com convidados sobre assuntos tratados pelo projeto e mediação de artistas do GAL. Em 29 de março, o tema será “Identidade no Teatro, Refletindo sobre o lugar do indivíduo na arte”, com Jandilson Vieira, diretor de arte e ator. Em 5 de abril, “Censura e LGBTfobia”, com a ativista trans de direitos humanos Evelyn Guttierrez. Encerrando a série, dia 12 de abril, Nathalia Fernandes, atriz, diretora e produtora cultural, falará sobre “As ondas do Feminismo e atualidade”, com mediação da atriz Suria Amanda. A transmissão dos bate-papos é via Instagram (@_grupodeapoioaloucura).
SERVIÇO:
Experiência XSINDZIVXS, com Grupo de Apoio à Loucura (GAL)
Temporada online: 30 de março a 14 de abril, terças, 19h, e quartas-feiras, 22h, pelo canal do YouTube http://bit.ly/YouTubeGAL e Facebook (@grupodeapoioaloucura). Gratuito. 14 anos. 35 minutos.
Bate-papos virtuais: 29/3, “Identidade no Teatro, Refletindo sobre o lugar do indivíduo na arte”, com Jandilson Vieira, diretor de arte e ator. 5/4, “Censura e LGBTfobia”, com a ativista trans de direitos humanos Evelyn Guttierrez. 12/4, “As ondas do Feminismo e atualidade”, com Nathalia Fernandes, atriz, diretora e produtora cultural. Sempre às 20h, via Instagram, pelo perfil @_grupodeapoioaloucura. Gratuito.